As cartas de amor
deveriam ser fechadas
com a língua.
Beijadas antes de ser enviadas.
Sopradas. Respiradas.
O esforço do pulmão
capturado pelo envelope,
a letra tremendo
como uma pálpebra.
Não a coisa isenta, neutra,
mas a espuma, a gentileza,
a gripe, o contágio.
Porque a saliva
acalma o machucado.
As cartas de amor
deveriam ser abertas
com os dentes.
.
(Fabrício Carpinejar)
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