Quando as palavras não vem, o rosto se fecha e os olhos se afogam.
Quando o silêncio toma conta do nosso desespero, o nosso interior se
desaba. O fim do mundo é todos os dias para quem sente muito, para quem
demonstra pouco, para quem se esconde atrás de sorrisos que se
desmancham ao entardecer. O fim do mundo não é nada mais do que o nosso
próprio interior se remoendo, se despedaçando, se desmanchando por algo
que muitas vezes não sabemos nem sequer explicar, mas sentimos,
sentimos muito mesmo por isso.
Podemos morrer afogados em lágrimas, podemos morrer queimados pelo
orgulho ou podemos morrer com o coração congelado pelo nosso medo. Medo
esse que muitas vezes nos impede de ir mais além, orgulho esse que
muitas vezes nos impossibilita de nos dar uma nova chance, lágrimas que
lavam a nossa alma e secam o nosso coração, assim sem nenhuma
remediação.
O fim do mundo está diante dos nossos olhos, escorrega pelo nosso
exterior e se esconde no nosso interior. Não há quem comprove tamanha
catástrofe humana, não há quem explique profundo sentimento. O buraco é
grande, sem tamanho e dificilmente será preenchido. Cada um carrega uma
dor diferente, com intensidades diferentes e uma cicatriz que nunca se
cura, sem profundidade internas e externas. Nós somos mortais a vida
inteira, vivemos e morremos a cada dia sem uma explicação definida. Não
há quem nos impeça de sentir. O fim do nosso mundo acontece todos os
dias, aos poucos e, praticamente ninguém sente além de nós mesmos.
(Maíra Cintra)
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